terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Casa antiga


Volto à casa antiga 
e meus dedos encontram a parede fria.
Volto às paisagens de minha infância distante,
e o passado renasce.
Lembro então que eu tinha, para iluminar o meu ser,
o claro olhar de teu semblante,
teu rosto mais sereno, mais feliz.
tua mãos que me levavam a passear
pelas calçadas que um futuro insípido não apagou.

Ando de novo pelas ruas do meu passado
e volto pelo caminho de tua alma,
para ouvir os sons de vida ao meu redor
que naquele tempo eram como o eco de tua voz.

E foram as asas de teu aconchego
que me fizeram não esperar o porvir
pensando que nada nem ninguém
poderia roubar de mim a infância,
que eu estaria no teu colo para sempre,
e nele apoiaria minha vida, o meu ser.

Mas descobri ser impossível tal sonho,
e outros sonhos tomaram teu lugar.
Cresci e segui meu caminho;
tuas mãos, teu rosto, teu olhar ficaram distantes,
nessas ruas ensolaradas,

e andei muito longe para hoje retornar
à procura de teus olhos, tua face.

Quero descansar novamente em teus braços
e fazer de conta que não cresci;
falar de paisagens longínquas
que encontrei em outros mundos
e sentir em tuas mãos o calor
que as paredes frias do antigo lar não possuem.
Parar por momentos no teu regaço
sem esperar o futuro, sem olhar adiante...
...apenas parar !
Olhar pela janela de tua alma
e nessa infinitude me perder.
Você foi minha primeira estrada.
Volto a seguir os caminhos antigos.
Tua luz ilumina minha senda ainda hoje,
como iluminava minhas veredas
o sol de minha infância distante.

Noite de lento pulsar


Loui Sousa


Não temas o inconcebível


A lama