sábado, 30 de abril de 2011

A canção da Causa Primária

A letra de 'Mal Necessário" (gravada por Ney Matogrosso) e sua interpretação.

"Sou um homem, sou um bicho, sou uma mulher" - Ela não tem definição nem de tipo, nem de sexo, muito embora pareça ser uma entidade mais feminina que masculina.

"Sou as mesas e as cadeiras deste cabaré" - Ela está nos mais obscuros lugares.

"Sou o seu amor profundo" - Seu amor que está em germe, ou que já brotou.

"Sou o seu lugar no mundo" - Ela lhe fez reencarnar.

"Sou a febre que lhe queima, mas você não deixa, sou a sua voz que grita mas você não aceita" - Ela lhe faz ansiar por crescimento espiritual, mas você resiste.

"O Ouvido que lhe escuta, quando as vozes se ocultam" - Na sua oração silenciosa e triste Ela está ao seu lado.

"Nos bares, nas camas, nos lares, na lama" -- Nos mais obscuros, íntimos, respeitáveis e iníquos lugares, Ela está !

"Sou o novo, o antigo, o que não tem tempo, o que sempre esteve vivo..." - Ela é atemporal.

"O que nunca lhe fez falta" -- os ateus não precisam de Deus.

"O que lhe atormenta e mata" - Ela programou seu corpo para a desintegração.

"Sou o certo, o errado, sou o que divide o que não tem duas partes" - O indivisível (átomo) foi dividido, causando o calor da bomba atômica.

"Na verdade existe!" -- Mas os gozadores e ateus não precisam nem de Deus, nem do Espírito.

"Oferece a outra face mas não esquece o que lhe fazem... " - Se alguem lhe bater uma face, ofereça a outra", mas a dívida moral de quem bate estará gravada até o dia do resgate.

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A canção da Causa Primária de todas as coisas !!!!

http://www.youtube.com/watch?v=z-Qfgo8ly1o

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Reeditando o poema "Via Cruxis"

Sexta Santa, 22 de abril de 2011 (no próximo dia 22 de julho o catolicismo comemora Maria Madalena)


"Ele, porém, respondeu: Não é bom tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos. Ao que ela disse: Sim, Senhor, mas até os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos."(Mateus 15;26,27)

A tarde é cinzenta, porém quente;
Quente e empoeirada - a poeira das ruas que nossos pés sacodem.
Hoje é a sexta sagrada,
É festa, vamos em bando!
Na velha Jerusalém se prepara a Páscoa.
No templo se oferece o cordeiro.
Fora há turbulência e vozerio; gritos e impropérios.
Um grupo explode: Crucifica-O !
E, acotovelando-se, assistem ao espetáculo - a passagem do Rei!
O festejo é sinistro - há um rastro de dor que seguiremos!
Caminhando entre a massa anônima
Ele passa irreconhecível: Vacila em seu andar cansado,
E vem coroado de espinhos.
Há suor em sua fronte, sangue em seus ombros,
Ombros que sustentam o madeiro.
E de Seu sangue, pingos se misturam com a terra.
No monte, o altar da morte se ergue.
É uma cruz o Seu trono.
Na placa: "Rei dos Judeus".
Parece porem que a turba não O reconhece ou menosprezou seu Rei.
Mas colocada de pé a cruz, nela, Ele nos acolhe de braços abertos.
Neste instante caem por terra meus deuses,
...de prata, de bronze, do melhor ourives...
Despencam todos de seus pedestais,
Caem espalhafatosamente meu orgulho piegas,
Minha vaidade ridícula,
Meu egoísmo miserável.
E agora que eles se desmantelam, não me sobra nenhum outro deus,
Mas tão somente o Deus que o Cordeiro nos veio demonstrar.
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Nuvens negras, trovões e lampejos
Agora cobrem a cidade santa.
De cima do madeiro o pastor contempla seu rebanho desditoso,
Sorve o vinagre do sofrimento humano que nós bem merecíamos
E chora a sua dor íntima.
Ainda há gritos e impropérios,
Angustia e desolação,
Sangue e suor.
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Cordeiro de Deus, lembra-Te de nós!
Quando entrares no Teu reino, lembra-te de nós!
Como ladrões, estamos crucificados ao Teu redor
Por muito que fizemos,
Mas não vi em Ti nada que Te condenasse.
Lembra-Te de nós!
E não Te esqueças de nos enviar
Gotículas cristalinas da misericórdia de Teu Deus
Para nos refrescar a alma cansada.
Não Te esqueças de nos recomendar a este Deus, o Deus-misericórdia que vieste nos ensinar.
Abençoa-nos com Teu olhar - que enche de luz caminhos tenebrosos.
E lembra-Te de nós!
Na dimensão de Teus palácios siderais,
Porque como cachorrinhos
Esperamos comer das migalhas que caírem de Tua mesa,
E nos sentiremos ditosos,
E nos deitaremos aos Teus pés
Certos do alimento que virá, sempre!
Aureolados pela luz d'A Vida
Teremos a água da fonte eterna -- inesgotável!
Nela saciaremos nossa sede milenar.
E cantaremos, como nos versos do "Rei dos Judeus":
"O Senhor é meu pastor, nada me faltará!"

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Vives em mim


Vives em mim !
Estás em cada sonho meu;
Em cada sorriso, em cada lágrima;
Nas gotas da chuva, nos raios de sol.
Vives em mim !
Muito embora um vulto distante que não mais alcanço;

Seu rosto inesquecível não se dissipa;
A foto tão antiga quanto querida não se apaga;
O fantasma do passado, porém presente no presente, não se esvaece.
Tua lembrança se renova, sempre!
Tu és ainda a razão para que eu continue;
E continuo, na esperança de, n'Outro Dia, volver ao teu lado.
E te procuro - em cada caminho meu, te levo comigo.
E te reencontrarei, neste Outro Dia;
Reencontrando-te, poderei dizer-te
: (e te direi:) "Não te posso esquecer!".
Estás em cada amanhecer;
Em cada anoitecer.
Trago comigo teu nome.
Estás em meus dias monôtonos (porém longos e difíceis)
E faço deste amor meu ideal maior.
Tua lembrança me persegue - não me deixa só.
Fugiste do passado e te recolheste no futuro.
Como uma flor, não viveste muito (embora eterno seja teu perfume);
Mas lembrando-te, lembro um ser querido que me escapou das mãos;
Como um poema que deixei inacabado;
Um sonho que deixei , desfeito!
Debruço-me assim em minha janela de recordações;
Na rua de minha alma há um desfile de memórias:
Dias felizes vêm, passam, e não voltam.
Mas no futuro incerto - meu destino - n'Outro Dia, O Tempo estacionará!.
Procure-me então a morte e estarei pronta!
Procure-me a Vida e nela entrarei!
Há um nome que sussurrarei neste longo dia;
Haverá uma última lágrima que derramarei nesta infinitude;
Uma voz que vibrará na acústica de minha alma;
Uma canção inesquecível neste horizonte de luz imortal;
O nome, o rosto, o vulto, a lembrança que carrego comigo;
Comigo estarão; comigo levarei;
E reencontrados, serão as mãos estendidas a me receber;
Braços abertos a me amparar;
Lábios amigos a me beijar,
...no pórtico da Eternidade.