sábado, 8 de novembro de 2014

Ruínas - Letícia Araujo




Amei, amei sim – meu único e grande erro ! 
Amei o quanto, onde e quando pude amar. 
Vitória dos desencantados – saber que ao menos pude amar. 
Até onde, quando e o quanto pôde minha alma ! 
Reabro agora um álbum de imagens distantes – no tempo. 
Próximas no coração. 
Fotos em cores vivas de um passado feliz. 
Eu, que agora me revelo num presente desbotado – em preto & branco. 
Abro os álbuns de lembranças antigas e recentes.
Passado em cores; presente em cinzas. 
Tais cinzas nos desmascaram agora, 
Como medíocres e pálidos restos do que fomos, 
Como as ruínas de um castelo que antes foi esplendor. 
Como um lar antigo cujas paredes que restaram, não guardam mais segredos. 
Entre esses restos, em tais escombros, nos esgueiramos, 
Sombras tristes, agora fogem, talvez de si mesmas. 
Tentativa vã ? fugir do amargo presente que construímos. 
É tarde. Para nós o pêndulo parou - o tempo estanca ! 
Em minhas veias se esvai a vida. 
Num soluço, sussurro adeus. 
...e amei tanto; tanto ! 
Até onde, quando e quanto (não) podia, amei ! 
Levo comigo sua melhor lembrança.
Guarde de mim fotos nas cores de um passado feliz. 
Esqueça o ser que agora estertora. 
Se possível, renasça, ressurja ! 
Não creio que comigo seja possível isso. 
Mas recomece se puder. 
De mim restam imagens de um passado colorido. 
...e escombros de um presente em cinzas.

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